sempre tolerei nomes. não me afectam.
sou uma selvagem como dizia a minha avó.
o respeito perde-se em segundos. por mim são por actos.
por momentos.
por saturação.
sentes-te burro, mas eu encorajo-te com inteligência.
sentes-te criança, mas eu mostro-te que tudo isso é relativo.
e no fim de tudo. sou eu a má da história.
sou um nada. sou um nojo.
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sou linda. sou perfeita.
e da varanda, aceno a toda a gente. perfeitamente encaixada no meu vestido de seda.
do meu lado, o homem dos meus sonhos. de outro o amigo de uma vida.
no leve segundo do pestanejar, tudo desapareceu e senti o barulho dos carros a incomodarem o meu sentido auditivo.
estava no terraço do meu prédio, a ver o tempo passar. as pessoas a passar. a minha força a passar.
dá o sinal vermelho e tudo pára.
todos petrificaram e o som de um passarinho aconchegou-me o coração e guardou a minha alma, para nunca mais ninguém a tentar matar.
respiro fundo, e tento sair lentamente do parapeito. mas desequilibro-me.
fecho os olhos e sorrio. o queda está a ser tão rápida e está-me a levar o peso todo. sinto-me livre como o passarinho. solto sons celestiais e toda a gente olha para mim com ar de horror. porque é que estão a olhar para mim daquela maneira? estou tão bem. estou a voar.
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estou a relaxar no lago de cimento avermelhado. estou morta.
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